Como é a vida quase anônima do filho de Robinho na base do Santos
santos fc – Robinho JR.
Robson de Souza Júnior, o Juninho, é tratado como potencial revelação do Peixe para os próximos anos. Garoto faz questão de jogar com uma camisa em homenagem ao pai
Ser jogador profissional e brilhar nos gramados dos principais estádios espalhados pelo mundo. Esses são dois dos objetivos de Juninho, uma das promessas das categorias de base do Santos. Aos 16 anos, o garoto é o artilheiro do Peixe no Campeonato Paulista Sub-17, com nove gols, e tem chamado a atenção pelo seu estilo de jogo ofensivo, com dribles em espaço curto.
A habilidade do garoto fez o Santos assinar, em agosto deste ano, o primeiro contrato profissional com a joia. O vínculo é válido até o fim de abril de 2027 e tem multa rescisória de R$ 300 milhões.
Essa poderia ser apenas mais uma entre tantas outras histórias de candidatos a novo raio da Vila.
Mas Juninho é Robson de Souza Júnior, filho do ex-atacante Robinho, preso desde março na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo, após ser condenado a nove anos de reclusão por um estupro coletivo em uma boate de Milão, na Itália, em 2013.
Até por isso, o garoto prefere uma vida de quase anonimato na Baixada Santista, enquanto vai se lapidando longe dos holofotes para chegar ao profissional.
Em alguns jogos desta temporada, Juninho vestiu a camisa 7, número “oficial” de seu pai na época em que atuava pelo Santos — Foto: Santos FC
Ao longo das últimas semanas, o ge colheu relatos de pessoas que convivem com Juninho e acompanham seu desenvolvimento no dia a dia dos treinamentos e jogos da categoria sub-17.
Foram ouvidos funcionários do clube, membros da comissão técnica, pais e mães de jogadores, atletas da base e gestores do clube. Todos, sem exceção, são categóricos em afirmar que o garoto possui o mesmo talento do pai com a bola nos pés e tem totais condições de concretizar o sonho de ser jogador de futebol em um futuro próximo.
Embora seja o artilheiro do time, as estatísticas provavelmente seriam mais expressivas se o garoto tivesse mais minutos em campo. Ao longo desta temporada, Juninho iniciou e terminou uma partida em apenas uma oportunidade. No mais, seu recorde de tempo em campo foi de 68 minutos.
A explicação tem relação direta com seu tipo físico.
Juninho, o filho de Robinho, é um canhoto de boa técnica e habilidade — Foto: Santos FC
Juninho é considerado um garoto tardio em relação aos seus companheiros. Isto é, enquanto a maioria dos atletas do sub-17 já desenvolveram musculatura e aguentam confrontos corpo a corpo, o filho de Robinho é franzino e trabalha para ganhar massa muscular.
Soma-se a isso o fato de o atacante ter nascido na segunda quinzena de dezembro de 2007 e sofrer a “desvantagem” de competir com jogadores até onze meses mais velhos – condição que pode fazer diferença durante a adolescência.
No entanto, apesar de magricela, ele é um atacante de extrema habilidade, tem o drible em espaços curtos como sua principal qualidade e, por consequência, apresenta facilidade para vencer os lances de mano a mano.
O garoto costuma atuar aberto pelo lado esquerdo e tem preferência em puxar a bola para o meio do campo em vez de buscar a linha de fundo. Há no Santos quem diga que o filho de Robinho “é um dos nomes mais promissores de sua geração”, porém a afirmação está longe de ser uma unanimidade.
Fã declarado de Neymar, de quem tenta copiar no estilo de jogo com dribles rápidos e mudança de direção a cada movimento, Juninho tem na figura de seu pai a principal referência no futebol.
A reportagem formalizou pedidos de entrevista à direção do Santos, ao treinador Élder Campos e ao próprio Juninho. No entanto, o clube negou todas as solicitações alegando se tratar de “assunto sensível” e, inclusive, orientou seus funcionários a não falarem sobre o assunto.
A vida em Santos
Aos 16 anos, Juninho mantém uma rotina normal para um garoto de sua idade. Frequenta a escola, se dedica aos treinamentos, viagens e jogos com a categoria sub-17 e, no tempo livre, gosta de ficar com os amigos e jogar videogame.
Por determinação da família e orientação do clube, as aparições nas redes sociais são escassas. As fotos e vídeos postados no Instagram dizem respeito à carreira como jogador de futebol e, em raríssimas oportunidades, abre detalhes de sua vida mais íntima.
Quando a agenda permite, o filho de Robinho acompanha os jogos da equipe profissional do Santos na Vila Viva Sorte, quase sempre acompanhado pelos amigos do elenco sub-17 ou pela mãe, o irmão mais novo e amigos da família. Apesar da semelhança física com o pai famoso, Juninho não costuma ser reconhecido pelos torcedores que frequentam o estádio.
Os relatos colhidos pelo ge revelam uma personalidade extrovertida e irreverente, sobretudo com os companheiros de time. Não é raro o atacante tirar sarro de seus colegas e brincar antes dos jogos afirmando que fará gols, distribuirá canetas e chapéus em seus adversários.
Apoio psicológico
O crime ocorreu em janeiro de 2013, na boate Sio Café, de Milão. Segundo a investigação, Robinho e mais cinco brasileiros participaram do crime. Além do ex-jogador, outro brasileiro, Ricardo Falco, foi condenado aos mesmos nove anos de prisão.
A partir da prisão do pai, Juninho deu uma “murchada”. Segundo os relatos colhidos pela reportagem, o garoto teria ficado mais calado e deixado de lado o jeito brincalhão.
O Santos ofereceu apoio psicológico ao jogador e colocou uma equipe de profissionais à disposição. Incentivado por conversas com alguns membros mais próximos da comissão técnica, ele foi se soltando e, aos poucos, recuperando o gosto por jogar futebol.
Desde um dia antes da prisão de seu pai, Juninho tem entrado em campo com uma camiseta em homenagem a Robinho, seu ídolo, por baixo do uniforme. O garoto expõe uma imagem familiar ao lado de sua mãe e de seus irmãos, que o acompanham nos jogos no CT Rei Pelé.
– Deus me deu o melhor pai do mundo.
Multa de R$ 300 milhões
As características de um atacante driblador e com facilidade no mano a mano chamaram a atenção da direção do Santos. Para se proteger do possível interesse de outros clubes e manter o filho de Robinho motivado, o clube ofereceu um contrato profissional em agosto deste ano.
Foi quando ele assinou vínculo válido até o dia 30 de abril de 2027, que prevê uma multa rescisória de 50 milhões de euros (R$ 300 milhões, na cotação da época) para equipes estrangeiras.
Juninho ainda não tem condições físicas de aguentar uma partida completa na categoria sub-17 — Foto: Santos FCO valor é expressivo, sobretudo se comparado com revelações recentes no Santos. Atualmente no Chelsea, da Inglaterra, o centroavante Deivid Washington tinha uma multa de “apenas” 30 milhões de euros quando chegou ao profissional do Peixe.
Nome mais jovem a defender o clube da Vila Belmiro em uma edição da Copa Libertadores, o atacante Ângelo (hoje no Al-Nassr, da Arábia Saudita) tinha uma multa de 60 milhões de euros com a idade de Juninho.
Hoje, no elenco principal, são poucos os atletas que possuem em contrato o valor da cláusula rescisória superior ao do filho de Robinho. São os casos de Miguelito, Jair Cunha, JP Chermont – todos com uma precificação de 70 milhões de euros.
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