Conheça a sala onde departamento de scout encontra e avaliza potenciais contratações como Yusupha Njie; trio de analistas recebe no CT Rei Pelé e mostra trabalho do dia a dia.

Mais de 400 jogadores tem sido mapeados pelo Santos, mas trabalha diariamente para ter mais do que um simples número alto de atletas em seus registros de scout: quer potencializar a análise para ser cada vez mais certeiro nas contratações. Para isso, melhorou seu departamento critérios de analistas.

Analistas no Qg

Júlio Resende, Fernando Ziskind, Marcelo Teixeira e Thiago Gasparino durante apresentação dos novos analistas de mercado do Santos — Foto: Divulgação/Santos FC

Contratado recentemente depois de passagem pelo rival Corinthians, Thiago Gaspparino recebeu a reportagem do ge em sua sala no CT Rei Pelé, ao lado de Fernando Ziskind, que também chegou em junho, coordenador de scouting do clube, e Júlio Rezende, analista de dados, que já estava no clube, para explicar como funciona a rotina do trio. É uma espécie de QG (quartel general) em que nomes são levantados, mapeados e debatidos com a diretoria e analistas.

Foram eles, por exemplo, que deram sinal verde para o Peixe contratar o primeiro atleta de sua história nascido em Gâmbia: Yusupha Nije passou uma análise detalhada do trio, com mapeamento não só de seus jogos, mas também de dados e informações coletadas diretamente em seus ex-clubes.

– A nossa procura constante é por jogadores dentro do perfil, respeitando indicações da diretoria e comprometidos com os jogadores priorizados. Além de oferecer soluções para problemas que venham a aparecer no elenco, venda, lesões. Conseguimos trabalhar bem com o tempo das janelas – disse Thiago, em uma apresentação feita pelo trio à reportagem sobre o trabalho.

– O mais importante não é a lista longa, ela serve para ter controle. O mais importante é afunilar e criar a lista curta. O diferencial é escolher em quais vamos dar sequência – resumiu Fernando.

Na atual janela de transferências, a primeira com time do scout completo, o Santos contratou cinco jogadores: além de Yusupha Njie, chegaram o goleiro Renan e os atacantes Billy Arce, Wendel Silva e Laquintana.

analistas: Trabalho com Gallo

O trabalho de Thiago, Fernando e Julio no Santos está intimamente ligado ao de Alexandre Gallo, diretor de futebol do clube. São reuniões quase que diárias entre eles para falar sobre a prospecção de novos nomes. E esse ponto é crucial para entender como funcionam as contratações recentes.

Nenhum jogador é contratado apenas por indicação do executivo. Todos os reforços passam por uma análise do departamento de scout, com um relatório final completo dando o parecer favorável ou não. Os analistas, neste ponto, precisam entrar em consenso.

– Discussões, ideias, análises e opiniões formando um grupo de tomadores de decisão para chegar ao relatório final. É muito importante o relacionamento interno e externo para validar o relatório final. Quando vamos analisar o jogador no mercado, muitas das informações nós buscamos com ex-técnicos, atletas, agentes, familiares. Até porque hoje um critério difícil de analisar é a parte mental do atleta. Você monta um cenário em contextos diferentes para formar opinião. Interno, o relacionamento é comissão, jurídico, saúde, tudo isso comandado pelo nosso executivo – completou Thiago.

analistas: Indicações x jogos completos

Os dados dos jogadores estão categorizados em documentos nos computadores do clube e são obtidos em três frentes diferentes:

  • Indicações: a diretoria indica um nome ao scout, que busca todas as informações possíveis sobre o atleta, organiza e dá seu parecer em relatório, sendo favorável ou não à contratação.
  • Oferta de mercado: jogadores que estão livres de vínculo ou com boa projeção de saída de seu atual clube.
  • Monitoramento de jogos completos: os analistas selecionam jogos de diversos campeonatos para analisar e categorizar os atletas; os que forem interessantes, passo a passo, terão uma análise mais detalhada para ser apresentada ao departamento de futebol.

– Recebemos indicações centralizadas no Gallo e ele nos passa para fazermos as avaliações. A outra fonte de busca é reagir ao mercado de jogadores que são disponibilizados, e a terceira fonte para alimentar o banco de dados é o monitoramento dos jogos, a gente mesmo coloca jogadores na lista. Temos vontade de ampliar o volume de jogos. Vamos aprofundando e criando listas. Sempre com mais de uma opinião. Vamos construindo nossa lista de recomendação por posição, em cima das demandas do diretor – explicou Fernando, que trabalhou com Gallo também no Atlético-MG.

A ideia é que os documentos fiquem no departamento para serem consultados no presente, mas também no futuro, mesmo que a equipe de scout possa vir a ser trocada.

Ligas em alta

Atualmente, o Santos tem alguns campeonatos de preferência para analisar:

  • Série A do Brasileirão
  • Série B do Brasileirão
  • Série C do Brasileirão (pontualmente)
  • Conmebol Libertadores
  • Conmebol Sul-Americana
  • Campeonato Argentino
  • Campeonato Colombiano
  • Estados Unidos, Europa e Ásia: foco nos brasileiros e sul-americanos que já estão lá.

As demais ligas da América do Sul são analisadas pontualmente, já que as Copas contemplam os melhores times de torneios considerados mais alternativos. Essa análise é dinâmica e pode sofrer alterações a depender das demandas.

Categorização

Para exercer a função de analista, organização é um princípio básico: dentro dos mais de 400 atletas que constam na lista inicial, há uma categorização entre os que podem chegar para protagonizar, brigar por vaga no time titular ou apenas compor elenco.

Ainda dentro dessa categorização, há também a coluna indicando se é uma contratação viável ou complicada, a depender do momento de cada atleta em seu respectivo clube. Além, é claro, dos que nesse cenário acabam descartados.

– Nossa função é preparar material suficiente para o Santos tomar a decisão – disse Fernando.

Processo de análise de mercado do Santos — Foto: Acervo Santos

Processo de análise de mercado do Santos — Foto: Acervo Santos

Ferramentas de trabalho

A tecnologia joga a favor da análise de desempenho. São vários os programas usados pelo clube:

  • Excel – onde ficam as planilhas.
  • Dropbox – onde as informações são compartilhadas entre as pessoas do clube, controlado pela T.I do Santos.
  • WyScout – ferramenta que dá acesso a vídeos e dados de jogadores do mundo inteiro, usada por praticamente todos os clubes de elite.
  • Transfer Room – plataforma de mercado que conecta clubes diretamente, podendo oferecer jogadores e receber indicações.
  • BeatsCode – ferramenta que integra os dados entre os setores do clube, sendo um suporte interno de pesquisa de dados dos próprios atletas e emprestados.
  • Power BI – plataforma que ajuda a organizar os dados e transformá-los em informação.

– Um método que criamos aqui é ranquear os atletas por posição: por exemplo, o Power BI é mais uma fonte de pesquisa. São 12 listas com atletas de mercado para buscar, como “América Central com até 28 anos e tendo jogado mais de mil minutos, “Europa até 28 anos”, alguns critérios, que a gente joga nele e já gera indicadores e identifica jogadores para colocar na lista – explicou Julio.

A tendência é de que o Santos passe a dar um valor ainda maior para esse setor do clube daqui para frente, justamente pela necessidade de ser criativo no mercado diante de limitações financeiras. Assim, o trabalho do trio tende a ser ainda mais valorizado.

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