entrevista com alexandre gallo na íntegra
Alexandre Gallo na entrevista concedida ao ge na última quinta-feira. O encontro foi realizado no CT Rei Pelé, antes da partida contra o CRB e, evidentemente, da demissão do técnico Fábio Carille.
O Santos está tentando atravessar o Cruzeiro para contar com Gabigol no ano que vem. Em qual estágio está a negociação? O clube recebeu alguma resposta dele ou de seu staff?
– Todo grande atleta interessa ao Santos, sobretudo um atleta que tem uma identificação tão grande conosco. O nosso presidente tem uma relação com o Gabriel e com o pai. Eu tenho uma relação com o representante do Gabriel, o Júnior Pedroso, que é um cara muito solícito. Essa é uma questão que ainda vamos ter que esperar mais um mês para ter uma definição.
Qual é a chance de o Neymar vestir a camisa do Santos em 2025?
– A questão do Neymar depende dele, de quando ele estará livre. Hoje, não há negociação, mas evidentemente há o interesse do clube.
O Santos alcançou seus objetivos esportivos na temporada ao chegar na final do Paulistão e garantir o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro. Apesar dos resultados, o ano foi de altos e baixos. Como você recebe as críticas que são feitas ao seu trabalho do departamento de futebol?
– Quando iniciamos o ano, tivemos uma reunião com o presidente Marcelo e ele me passou três metas: chegar entre os quatro primeiros no Campeonato Paulista; estar entre os cinco primeiros da Série B no final do primeiro turno; e garantir o acesso ao fim da temporada. Batemos as três metas com excelência.
– Ao longo do ano, o Santos sempre esteve na ponta do que disputou. O nível de cobrança da torcida é alto, os santistas estão machucados pelos anos passados, pelas últimas gestões, por campanhas ruins. Só que os números e os resultados deste ano foram diferentes. O Santos poderia ter tido um nível técnico melhor? Sim, eu acredito nisso. Temos o elenco mais caro da Série B, poderíamos ter tido jogos melhores, mas eu combinei com o presidente que montaríamos um elenco acima do nível da Série B e fizemos isso.
– Ficamos quatro rodadas fora da zona de classificação e posso afirmar que passamos por cima da Série B, fomos o melhor time disparado. As metas foram dadas e cumpridas. As críticas passam pela oscilação do time.
Qual foi o momento mais crítico para o Santos na temporada?
– Foi durante aquela oscilação de quatro jogos. Ninguém esperava, nem nós esperávamos. O jogo contra o Botafogo-SP em Londrina nos machucou. Tivemos mais de 20 finalizações, quatro bolas na trave, era para ter goleado, o Botafogo não fazia um gol havia seis jogos e eles ganharam a partida. É algo absolutamente normal, todos os times passam por isso. Um campeonato longo é de regularidade e tivemos isso ao longo do ano. O time conseguiu equilibrar isso e conseguimos vencer as oscilações.
Houve um momento na temporada em que o Corinthians sondou o Fábio Carille e ficou muito próximo de apresentar uma proposta. Como foi essa gestão de crise?
– Tivemos que administrar com inteligência. Esse momento foi muito ruim para nós porque casou justamente com a instabilidade técnica, saímos do G-4 e houve essa procura em cima do nosso treinador. Efetivamente, não chegou nada, o Corinthians não sinalizou uma proposta, temos amigos lá no Corinthians. O mais importante foi ter cabeça, tranquilidade e deixar que as coisas se encaixassem de forma natural.
O Santos contratou mais de 20 jogadores para o elenco principal ao longo da temporada. Por que um número tão alto?
– Foi necessário, afinal reformulamos o grupo. Hoje, temos um elenco de 34 atletas, 12 deles são formados na base, é um número normal para o padrão brasileiro. Tínhamos um planejamento específico para a Série B, poderíamos ter um máximo de 54 jogos na temporada, vamos bater esse número. Tínhamos a possibilidade de ter um time mais experiente e fizemos isso. Foi tudo planejado lá atrás e, no fim, deu certo.
Nesse grupo da base há dois perfis. Um é de jogadores mais velhos, como são os casos do Sandry, do Alison e do João Paulo, e outro é realmente daqueles promovidos recentemente, como são os casos do JP Chermont e do Souza. Qual é a projeção para a promoção de novos talentos da base?
– O Santos tem uma geração de talentos defensivos. Hoje, o Santos tem jogadores importantes como o Jair Cunha, o Souza e o JP Chermont – todos eles são do sistema defensivo. No passado, a base nos forneceu muitos atletas do sistema ofensivo. Acredito que são ciclos e você tem que se adaptar. O Santos tem em seu DNA a necessidade de usar os meninos da Vila. Em quantidade, somos o clube da América do Sul que mais vende atletas para fora. O que temos que fazer, como gestão, é entender os momentos para colocá-los em campo.
Mesmo assim, em 2024, o número de promoções da base para o profissional foi baixo…
– Não, eu não acho. O próprio Miguelito poderia ter tido um pouco mais de performance aqui, o que acabou acontecendo na seleção boliviana. Surgiu o Luca Meirelles agora, que é um centroavante que apostamos muito, tem muita qualidade. Temos o Profeta, que é um jogador que está na seleção de base. Temos olhos para os garotos, mas é preciso saber o ‘timing’ certo para evitar qualquer tipo de desgaste. Eu ainda te falo que é muito mais fácil utilizar um menino na Série A. Na Série B, o jogo é exclusivamente físico. Os jogos são de confrontos, os adversários encaram o Santos no limite físico e técnico. Por isso, montamos um elenco mais experiente.
JP Chermont comemora gol do Santos contra o América-MG — Foto: Marcello Zambrana/AGIF
O Miguelito praticamente não teve oportunidades neste ano pelo Santos e quando jogou pela Bolívia foi bem, sendo um dos destaques das Eliminatórias. Qual é o planejamento do clube para ele?
– Acreditamos bastante nele. A questão do Miguelito é exclusivamente do treinador. As escolhas foram do Fábio, nós discutimos muito no dia a dia. As decisões são dele, claro que coloco a minha posição, às vezes há divergências, mas a decisão final é do treinador, esse é o trabalho dele.
Hoje, a folha de pagamento do elenco do Santos está, segundo o presidente Marcelo Teixeira, em R$ 7,3 milhões. No ano que vem, o cenário é outro. Tem a Série A e a Copa do Brasil. Qual será o poder financeiro do clube para 2025?
– Essa é uma questão importante, sua pergunta é pertinente, mas é um assunto íntimo nosso. Te peço desculpas, mas não vou falar sobre isso neste momento. O que posso dizer é que o Santos está preparado para 2025.
Esportivamente, quais as metas para o ano que vem?
– Essa questão também entra na minha resposta anterior. Infelizmente, não podemos falar sobre isso agora.
Qual é a avaliação da gestão sobre o trabalho desempenhado por Fábio Carille?
– O Fábio é uma grande pessoa, o admiro como ser-humano. Somos da mesma região, ali de Sertãozinho e Ribeirão Preto, ele fez estágio comigo no Internacional quando era auxiliar. Evidentemente que ele tem suas escolhas e sua maneira de trabalhar. Nos momentos de oscilação, quando a pressão aumentou, o Santos segurou a onda e o manteve aqui. Acredito que acertamos nisso. O principal foi a manutenção do trabalho, acreditávamos no trabalho, na relação dele com os atletas. O Santos acertou, mesmo com os momentos de oscilação. No fim, alcançamos os objetivos e ele tem muito mérito nisso.
Fábio Carille, técnico do Santos, no jogo contra o CRB — Foto: Reinaldo Campos/AGIF
O Santos tem uma lista grande de atletas emprestados. Já há algum monitoramento de quem pode voltar para o clube?
– Essa pergunta entra naquele combo das questões que são internas.
Você pode falar sobre os contratos que estão próximos do fim?
– Posso te falar sobre o Souza, temos uma excelente relação com o representante dele (Giuliano Bertolucci). Ele é um menino da Vila, a questão está sendo postergada um pouco, mas a sinalização que temos é de 100% de acerto. Não temos dúvida de que ele ficará conosco.
Vocês temem perder o Souza?
– Não. Há a sinalização do empresário, ele fechará com a gente. É uma questão de tempo, mas está tudo adiantado.
Souza, lateral da base do Santos — Foto: Raul Baretta/ Santos FC
O Gil estará no elenco de 2025? Ele chegou a conversar com o clube sobre a possibilidade de se aposentar no fim deste ano?
– Tivemos uma conversa há algum tempo, o contrato dele teve renovação automática com o acesso para a Série A. Acreditamos na continuidade dele conosco.
O que a torcida pode esperar do Santos para 2025?
– Um Santos forte. Tivemos um ano tão delicado e, nesse retorno, temos que chegar acelerando. Nossa torcida pode esperar um time bem competitivo.
É mais difícil montar um time para disputar a Série B ou montar um time para voltar à Série A?
– Acho que é mais difícil para a Série B porque, no nosso caso, tivemos que reconstruir. Foi bem complicado, estamos atentos ao mercado, esperançosos por boas notícias. Acredito que teremos uma certa tranquilidade nessa janela.
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